quarta-feira, 4 de novembro de 2009

• RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS (CRIOTERAPIA E TERMOTERAPIA) NA ESPASTICIDADE



A espasticidade é um dos distúrbios motores mais freqüentes e incapacitantes observados nos indivíduos com lesão do sistema nervoso central, afetando milhões de pessoas em todo o mundo1. Esta é definida por um aumento, com velocidade dependente, do tônus muscular associada à exacerbação dos reflexos profundos causados pela hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento, se enquadrando dentro da síndrome do motoneurônio superior.
A fisiopatologia da espasticidade ainda não é completamente esclarecida. Supôs-se por muito tempo que o aumento dos reflexos de estiramento na espasticidade era resultado da hiperatividade dos neurônios motores gama. No entanto, experimentos recentes lançam dúvidas sobre essa explicação. Ainda que a hiperatividade gama esteja presente em alguns casos, mudanças na atividade de base de neurônios motoras alfa e de interneurônios são provavelmente mais importantes.
A base patológica fundamental da espasticidade sustenta-se na perda ou desestruturação dos mecanismos de controle supra-espinhal, que regulam os mecanismos espinhais e seus correspondentes arcos reflexos. Todos os elementos que intervém nestes arcos recebem uma dupla influencia supra-espinhal descendente, ativadora ou inibidora, neurônios sensitivos primários, interneurônios excitadores ou inibidores, células de Renshaw e motoneurônios. Em conseqüência aparece um exagero dos reflexos polissinápticos ou uma redução na atividade das vias de inibição pós-sinápticas e nos mecanismos de inibição pré-sináptico, tão importantes para manter os processos de inibição recíproca, recorrente e autógena.
É um fator que traz sérias conseqüências ao paciente, como contraturas e deformidades, que irão afetar o desenvolvimento das habilidades funcionais.
Clinicamente pode manifestar-se por hipertonicidade, reflexos osteotendinosos exacerbados, espasmos musculares, sinal do canivete e por vezes clônus, predominando em alguns grupamentos musculares agonistas, especialmente nos antigravitários, resultando em alterações nas características mecânicas e funcionais dos músculos.
Pode ser causa de incapacidade por si só, afetando o sistema músculo esquelético e limitando a função motora normal. Inicialmente dificulta o posicionamento confortável do indivíduo, prejudica as tarefas de vida diária como alimentação, locomoção, transferência e os cuidados de higiene, podendo ser um quadro alterado por estímulos internos ou externos. Pode atingir tanto a musculatura antigravitária como gravitaria e mudar constantemente em reposta aos referidos estímulos.
Os estímulos que causam aumento desse quadro são alterações da postura, estímulos cutâneos, temperaturas ambientais, roupas apertadas, cálculos renais ou na bexiga, impactações fecais, bloqueio por cateter, infecções no trato urinário, úlceras de decúbito e estresse emocional.
É importante que os profissionais da saúde que visam à reabilitação do indivíduo com músculo(s) espástico(s) determinem se a espasticidade é um fator negativo na reabilitação do paciente, comprometendo suas habilidades funcionais, provocando dor ou deformidade, uma vez que esta pode existir em um nível que não interfira ou que contribua com a função facilitando nas transferências ou na marcha

Para avaliar a espasticidade é fundamental identificar o padrão clínico de disfunção motora, habilidade em que o paciente tem em controlar músculos e o papel da espasticidade em eventuais contraturas no nível funcional. Para essa avaliação, utilizam-se indicadores quantitativos e qualitativos, que identificam os padrões clínicos de disfunção, sendo que estes indicadores visam tanto à mensuração da espasticidade em si, o tônus muscular, quanto a sua repercussão funcional.
Existem várias escalas que podem ser utilizadas para a avaliação da espasticidade, porém no Brasil as que mais se destacam são a Escala Modificada de Ashworth e o Índice de Barthel, devido à confiabilidade e reprodutividade destas.
Por não existir um tratamento de cura definitiva, o tratamento fisioterapêutico em indivíduos que apresentam a musculatura espástica deve estar inserido dentro de um programa de reabilitação baseado em sua evolução funcional, com enfoque multifatorial visando à diminuição da incapacidade
As condutas utilizadas no tratamento da espasticidade visam corrigir e prevenir alterações anormais do movimento, sendo as mais usadas: o tratamento medicamentoso, o tratamento cirúrgico, o bloqueio neuromuscular, o tratamento com toxina botulínica A e o tratamento fisioterapêutico

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